terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Intolerância Religiosa

- Mensagem Divulgada no Primeiro Encontro de Jovens de Terreiro da RMC - 

Era uma vez um Criador que havia doado cada gota de seu amor a seus filhos – imperfeitos e tão ímpares. E como um Pai, observava seus filhos desperdiçarem cada presente que Ele havia dado e se sentia infeliz e incapaz de tocar o coração de seus próprios filhos, que não reconheciam o amor em cada detalhe criado por ele com tanto zelo.
O Pai, em um esforço maior do que nunca poderemos imaginar, enviou então um de seus filhos mais devotado e caridoso para esta terra.
Sua esperança? Que vendo e ouvindo um enviado seu, seus filhos pudessem finalmente compreender a razão de tudo que existe. Dessa vez não precisariam observar detalhes. O Amor falaria, agiria, existiria ao lado deles para que pudessem reconhecê-lo.
Seu filho pregou a multidões sobre o Amor de Deus. Mas muitas mais multidões caçoaram de seus ensinamentos, repudiaram suas atitudes e crucificaram-no.
A fim de garantir que seu Amor pudesse continuar sendo distribuído nas Palavras de seus filhos, instituiu uma legião de amor. Legião que não deveria receber nome ou título, mas sim fundamentos: caridade e amor ao próximo.
E mais uma vez o Criador se entristeceu ao ver as ações seus filhos.
A legião rapidamente se tornou religião. E a união que ainda estava sendo construída, foi destituída em diversos fragmentos, diversas religiões.
Como Pai que não desiste de seus filhos, nosso Criador instituiu então que existissem religiões, para que seus filhos pudessem encontrar o lugar que falasse ao seu coração. E imaginou que desta forma, apesar dos diferentes nomes, o objetivo seria único: estender a mão e chamar ao próximo de irmão.
E nós, como bons exemplares de filhos que somos, fizemos exatamente o que os filhos fazem: desobedecemos e testamos a autoridade de nosso Pai.
A unidade se rompeu. Muitos se perderam neste caminho. Muitos quiseram obter vantagens de suas posições dentro das religiões.
Falsas religiões, falsas casas de auxílio ao próximo e falsos templos foram erguidos com o único intuito de ajudar ao próprio construtor da casa.
O sentido da religião se perdeu quase por completo.
Mas Deus, que não há de desistir nunca de seus amados filhos, não mediu esforços novamente.
Distribuiu ao longo do mundo muitos filhos seus dispostos a trabalharem pela união, defendendo religiões ou simplesmente erguendo a bandeira da caridade, esses filhos estão caminhando por entre nós. Podem ser reconhecidos como mártires, como santos, como grandes almas. Podem não ter sequer nome ou lar.
O objetivo sempre foi a união voltada para a caridade e o amor.
Nosso Pai não quer a abolição das diferentes religiões para que haja uma única religião, um único templo, um único nome.
Deus reconhece na pluralidade das religiões a vasta diversidade cultural, social, racial e sexual dos filhos que ama exatamente desta forma: imperfeitos e ímpares em suas características.
A missão que vivemos é a de coexistirmos não como única religião, mas como única LEGIÃO. A Legião do amor e da caridade. Exatamente como no primeiro sonho de nosso Criador para seus amados filhos.
Que saibamos reconhecer nossas diferenças como as mais variadas peças de um grande quebra cabeça que, peça por peça colocada, nos leva mais próximos ao nosso Pai.
Lutemos pela intolerância religiosa, pois aquele que aponta o dedo para uma religião, se esquece do objetivo de sua própria religião. Se esquece de princípios como respeito, igualdade e fraternidade.
Mas não lutemos mais pela intolerância por nossa religião do que lutamos pelo bem de nosso irmão. Não gastemos mais energia em rivalidades do que em caridade.
Deus nunca se importou com o nome pelo qual atendemos. O importante é nossa essência. E nós somos essencialmente bondade, pois fomos criados a partir do amor do único ser que jamais será capaz de nos esquecer, que jamais deixará de nos amar ternamente.
Às vezes, não conseguimos sozinhos.
Estenda a mão, independente de bandeira religiosa. Aquele que colocar a mão na tua, será teu irmão, assim como aquele que juntos vocês irão resgatar da solidão e amargura.
“Eu seguro a minha mão na sua, para que juntos possamos fazer aquilo que não podemos fazer sozinhos”.

Carol – 22/01/2014

sábado, 30 de novembro de 2013

Ponto da Carol

Como ela mesma gosta de cantar:

"Ô leva Pai, leva o que não é pra ficar!
Ô leva Pai, leva o que não é pra ficar!
Leva embora a tristeza,
Leva embora toda a dor,
Leva embora o que é ruim
E devolve em dobro o amor!
Ô leva Pai, leva o que não é pra ficar!
Ô leva Pai, leva o que não é pra ficar!"

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Consciência Negra

Deus nos deu a oportunidade de nascermos no país mais rico.
O país que consegue harmonizar as pedreiras de Xangô, as águas dos rios de Oxum, as águas salgadas de Iemanjá e as matas de Oxóssi.
Como se já não fosse muito, temos o povo com a força de Ogum, capaz de vencer qualquer batalha e manter-se em pé após tantas guerras.
Mas então, onde está a paz de Oxalá?
Onde está a igualdade e harmonia que Ele nos ensina?
O Brasil não é apenas rico em natureza; é rico em pele: a pele vermelha dos primeiros habitantes, a pele branca do colono europeu, a pele amarela dos asiáticos e a pele negra da mãe África. E a partir dessas cores primárias, Deus fez sua maior obra de arte usando estas cores puras e combinadas para pintar um quadro magnífico chamado Brasil – sua obra prima.
Então, pergunto de novo: onde está a paz, a igualdade e harmonia de Oxalá? No país da diversidade, em que os orixás se sobrepõem, por que ainda somos reconhecidos pela cor da nossa pele?
A Umbanda é uma religião puramente brasileira, obtida da mistura de crenças e culturas. Uma mistura como os tons de nossas peles. E é por isso e para isso que a Umbanda nasceu: para que haja igualdade perante nossas diferenças e para que as diferenças sejam respeitadas. São essas diferenças que nos torna ricos.
E é para quebra o paradoxo da desigualdade racial que a Umbanda traz como modelo de caridade, harmonia e sabedoria, os nossos amados pretos velhos:
- Como exemplo de perseverança, o negro que lutou – e luta – pela sua liberdade;
- Como exemplo de amor, o negro sofrido na senzala que estende a mão ao próximo;
- Como exemplo de sabedoria, o negro que aprendeu pelas dificuldades e pela dor – física e emocional;
- Como exemplo de força, o negro que resistiu a todos os castigos dos “senhores” e ainda se manteve em pé;
- Como exemplo de fé, o negro que labutava no campo, dia após dia, mas cantava sua fé sem perder o fôlego, e que ainda tinha força no fim do dia para, escondido na senzala, demonstrar sua fé em Zambi e nos orixás, nas giras de candomblé;
- Como maior exemplo, então, o negro, na figura simples de um preto velho.
Lutemos por um dia em qe não só a Umbanda reconheça esse exemplo. Para que um dia as escolas ensinem sobre a importância dos negros em nossa sociedade e não sobre as algemas que os seguraram no passado.
Lutemos para que um dia, não se enxergue a cor da pele, mas sim o brilho dos olhos.
Lutemos para que um dia todos reconheçam e tenham orgulho de perceber nossas origens. Tenham orgulho de dizer: Branco, negro, pardo, não me interessa. Dentro da minha veia tenho a honra de carregar o sangue negro. E com um pouco deste sangue, também carrego a força, a fé, o poder e a humildade do povo mais belo que já pisou estas terras.
Saravá, meus pretos velhos.
Salve a Umbanda.
Salve a raça negra que tanto nos ensina.
Salve a miscigenação das raças que faz de mim um pouco de você, e de você, um pouco de mim.

sábado, 16 de novembro de 2013

E o que seria do mundo sem as mulheres?

E o que seria do mundo sem as mulheres?
Provavelmente o Arco Iris seria em preto e branco.
No céu, a lua apareceria sozinha, sem a companhia das estrelas que encantam aos olhos de todos.
Não haveria ondas no mar.
Os campos seriam de uma vegetação verde fascinante, mas sem a graça dos botões de flores.
As casas seriam apenas casas, nunca um Lar.
O silêncio dos corações seria ensurdecedor.
O mundo não conheceria o afeto maternal, a força sobrenatural das leoas, o encanto escancarado em cada um de seus sorrisos, a fascinante capacidade de ser tudo e fazer tudo, mas se colocar em posição de companheira. E não conheceria a leveza e graça com que levam a vida, apesar das lutas travadas diariamente.
E o que seria a Umbanda sem as mulheres?
Os pontos não trariam a doçura de suas vozes, que reflete o amor impregnado em cada fibra de seu ser.
Os trabalhos não teriam a delicadeza e o cuidado com os detalhes que as mulheres trabalham de forma quase invisível aos olhos desavisados.
E as preces talvez tivessem menos poder, porque quando uma mulher pede algo e deseja aquilo de toda sua alma, eleva tanto sua vibração a ponto de conversar diretamente com o coração dos anjos que nos circundam e que se encarregam de se apiedar de nossas lamúrias e levar até Deus aquele pedido sincero de ajuda.
O que existiria sem as mulheres? Uma obra tão inacabada, pela metade, que Deus não permitiu que se tornasse realidade.
Que a delicadeza da flor e a força da rocha nunca deixem de habitar esses seres iluminados.
Axé, força e fé!
 Medium Vanessa – Terreiro da Vó Benedita
Carol – 14/11/2013